sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

as fronteiras e os limites








(a Pedro Paiva)

onde guardamos
os sonhos não realizados
e quando os perdemos
onde procuramos
vai-se vivendo enquanto isso
[e recordando]
cada dia pesado
como uma promessa
um campo aberto
um mapa
numa língua estranha
numa fronteira
o limite impreciso
entre o que foi dito
e o que jamais poderá retornar
a linha invisível que demarca
o vazio contínuo ao sul
onde o mais difícil
é deixar-se desaparecer
em meio aos desaparecidos
desaparecer-se a si mesmo
no campo vasto
desertificado
fantasmagórico
ruidoso
onde guardamos
os sonhos não realizados
ou perdemos

LUIZ CARLOS QUIRINO



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