terça-feira, 27 de julho de 2021

tudo afogado – e mudo
tudo o que não ousa trinar
como peixe enozado
entre águas e mágoas de
lodo
           sargaço
e
sonido
servidões
 
tudo muda – mundano
tudo o que nunca teve lugar
como ressaca na areia
sempre volta apesar de
todo
           cansaço
e
cacos
submersos


luiz carlos quirino 
 
 
 
 
 

domingo, 25 de julho de 2021

 

sincronizo minha respiração
com o deslocamento que parte
da queda do tempo –
uns cabelos de mulher no ralo
a pele quebradiça de velho
o caminho dos cupins
                        no batente da janela
 
parto uma maçã ao meio
e a mastigo num ritmo semelhante
àquilo que morre e é doce de
                                alegria –
 
dividimos o mesmo plano
do que desapareceu
e empurra o tempo
 
arrisco desconcertar meus passos
mantendo um deslocamento
mínimo – o da vida que intuímos
apenas em estado de brandura


luiz carlos quirino