quando submerge
na embriaguez funda do mundo
– o eu dos muitos estilhaços
se debate
alguma figura
escutando a respiração das coisas
e o espírito em agitação
as moléculas e a harmonia
ao redor de cada existência
num único acorde
luiz carlos quirino
em suma – divido
em duas partes a laranja
sumo do zero à volta
dois dedos contra a fronte
e pareço anunciar uma guerra
sumo da violência e luz
regressa ao zero
tudo o que é entorno e
desaparece entre meus dedos
na possibilidade mais sombria
de iluminar o silêncio
já não posso
trabalhar com as mãos
sem me envenenar no asco
sem apontar em direção
ao déspota
sem perder
as unhas
os que ressuscitam
prefeririam não o tê-lo –
voltar ao terror que nunca
termina ou começa
corro a tranca dos olhos
que faíscam eletricidade
metálica no rosto
luiz carlos quirino