Quietude nos livros
tornados mudos pelo cansaço
de não haver
uma única definição possível
tamanha a brutalidade do vivido
à volta o hiperbólico das unhas
que tentam conter o grão de areia
sem peso ou carne – onde o todo
é insolação e movimento
de palavras enfileiradas
reproduzindo o rumor
de sua aglomeração
arrastadas continuamente
as páginas apodrecem e
as palavras transmutam-se
em
metafísica oca
e se embaralham germinando
a gramática da imensidão selvagem
quantas línguas são necessárias
para se alcançar a ideia de língua ou
prever o passado ou ensaiar a verdade
e quando os livros todos
forem convertidos em sopro
restará apenas a pequena utopia
de quem não tem nada
além de toda a ortografia dos
que acampam sob viadutos
de poder pronunciar ou ser
com a paixão do animal
devorado
ou da fabricação do
algoritmo da vida
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