Se eu perseguisse uma meta
naufragaria meus dias atrás
de uma
máquina
e seria considerado um cidadão exemplar
distribuiria gentilezas fugazes
e faria mandinga contra o mau-olhado
mesmo ninguém invejando o homem
que enfileira palavras numa folha
e constrói inúteis habitações onde
ninguém deseja morar
se eu fosse um grande lobo
devoraria o pastor que
conduz sua ovelhas ao abismo
e satisfaz seu sadismo através
do balido amedrontado dos
que despencam
por isso ando só pela terra
pilotando a bicicleta roubada de Jarry
e afundando no caudaloso absinto
dos livros
e seus córregos de Babel
entre cogito e delírio
eu sou um náufrago no cotidiano
e nado oceano adentro para
onde os animais catastróficos
enfim descansam
longe dos cargueiros da morte
e cantos de estrogênio
e são autotrepanações como palavras
distribuídas ao corpo docente do caos
e aos cães raivosos da província
portadores de sonhos avaros
cunilíngua como política de Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário