sábado, 7 de novembro de 2020

 

em suma – divido

em duas partes a laranja

sumo do zero à volta

dois dedos contra a fronte

e pareço anunciar uma guerra

sumo da violência e luz

 

regressa ao zero

tudo o que é entorno e

desaparece entre meus dedos

na possibilidade mais sombria

de iluminar o silêncio

 

já não posso

trabalhar com as mãos

sem me envenenar no asco

sem apontar em direção

                 ao déspota

sem perder

as unhas

 

os que ressuscitam

prefeririam não o tê-lo –

voltar ao terror que nunca

termina ou começa

 

corro a tranca dos olhos

que faíscam eletricidade

metálica no rosto


luiz carlos quirino 

 

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