sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

 







lembrava o ruído
das nuvens se despedaçando
ou o atrito do ar na água
quando soprava a íris
de meus olhos
 
enquanto esperava
que voltasse à vida
com a hora seca no
meio de um livro
 
e o uivo
do joão-de-barro
na janela
 
tinha esquecido
a forma de meu rosto
ou o gosto dos
parafusos na língua
 
não podia voltar
sem o mapa
desenhado por
suas unhas
do lugar onde
nunca estivemos
 
chamava-se
chuvarada-em-dia-de-verão
e só agora aprendi
a pronúncia correta
 
agora que minha boca
se choca no concreto

luiz carlos quirino 
 

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