domingo, 28 de março de 2021

 

o homem bomba dorme o sono dos justos e sonha com meus pés se ferindo nos escombros de sua obra. tento reconstruir inutilmente a cidade. estou sozinho – a não ser por aquele que dorme e me tem perambulando entre seu espírito e o nada. encontro uma flor chamuscada e a ofereço ao responsável pela destruição. ele a recusa e diz que os homens e as mulheres possuem livre-arbítrio – então sua consciência se faz tranquila como a de uma criança. que o corpo não pode ser nada mais do que o que se consegue reerguer continuamente a partir da caliça pisada e repisada pelos sobreviventes que passam sobre os viventes para se banhar no pó – argamassa do sonho e eventualmente da vigília.               

 

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