sexta-feira, 9 de abril de 2021

 

enquanto a cidade dorme
desapareço um pouco mais
quando acordo já inexisto
                            completamente
porque
cada geração tem de desenvolver
formas de suportar sua própria
catástrofe ou aprender a
dança da morte
que lhe coube
mesmo que só consiga
erguer os
           olhos para o distante
aquém de mim e de ti
se o vermelho encerra
mais um a menos
com a radicalidade do que
                      nunca termina
muito menos começa
                     como no tempo
das primeiras vidas –
agora sou apenas
assombração de mim mesmo
e tento perder a ocasião que
não possuía –
na rua os destroços
no interior uma casa
tão limpa que ninguém
se atreve a morar
 

luiz carlos quirino 

Nenhum comentário:

Postar um comentário