domingo, 8 de julho de 2018


Tamanha brutalidade da beleza
molda-se impossivelmente
conforme a resistência da retina
capaz de cegar os mais sensíveis
há aqueles que a perseguem – ainda assim
até a loucura ou o extermínio
da perfeição à violência gratuita
seu encanto em movimento ininterrupto
perturba a terra e a calmaria dos fluidos
bordô nas bordas – como ferida
artéria da fúria quando a única
solução possível é aquela
que também nos aniquila
tormenta que já desponta no horizonte
Adonai da crueldade manifesta
em pirâmides construídas sobre o sangue
de escravos aos milhares – como moscas
verborragia dos que agonizam maravilhados
sob os pés do Deus-sádico
ou sob as botas do Führer
pairando sobre a paranoia:
a arte-inútil limita-se à vida
e os passos descalços cruzam a fogueira
ardente – até sobrar apenas a queimadura.


Luiz Carlos Quirino

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