Eu me sento e observo lá fora todas as tristezas do mundo,
toda a opressão e a vergonha;
Eu ouço o soluço convulsivo e secreto dos jovens,
angustiados
consigo mesmos, arrependidos de seus atos;
Eu vejo a mãe maltratada por seus filhos, morrendo, na
marginalidade,
negligenciada, magra e desesperada;
Eu vejo a esposa maltratada por seu marido, vejo o ardiloso
sedutor de jovens;
Eu percebo o rancor do ciúme e do amor não correspondido,
tentando ser escondidos – Eu tenho estas visões da terra;
Eu vejo o funcionamento da batalha, da pestilência, da
tirania,
vejo mártires e prisioneiros;
Eu observo a fome no mar – observo os marinheiros arremessando
os que serão mortos para preservar a vida dos demais;
Eu observo os desprezos e as degradações lançados, por
pessoas arrogantes,
sobre os trabalhadores e os pobres, sobre os negros e seus semelhantes;
Todos estes – toda a mediocridade e agonia sem fim e eu
sentado
olhando para fora;
Vejo, escuto e estou em silêncio.
Walt Whitman
(Tradução: Luiz Carlos Quirino)
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