quarta-feira, 13 de março de 2019


homens excessivamente ruidosos
que submergem no fogo
como se as palavras frondosas
sufocassem o tédio ontológico
de suas mensagens e corpos
trabalhadamente derrotados
dobrados sobre si próprios
até que a cabeça forme
um ponto de interrogação
[point-blank]
evidenciando seu cansaço
homens excessivamente translúcidos
em que o dentro e o fora se confundem
suas luzes clandestinas nos edifícios
ofuscam os astros
desenhados no firmamento
quem ainda possui digitais
nas pontas dos dedos?
quem ainda possui um nome
que coincida consigo mesmo?
à imagem fraturada a desrazão
ao animal sem alma a vertigem
ao se perder o fio
perde-se também parte do sonho
seus fluxos e presságios
comparáveis à sorte e seus signos
“o grito” falsificado na parede
homens excessivamente solares
ofuscantes em sua promessa de vitória
doentes mensageiros de um corpo
excessivamente saudável
otimizado até o limiar
entre a abundância e a violência
– uma dívida  


LUIZ CARLOS QUIRINO DA SILVA

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