Éramos abandonados desde o início
[atentando contra palavras]
e toda essa algazarra
nada mais era do que o eco
de
nossa própria voz
E o calor era apenas o prenúncio
de uma interminável frente fria
e essa chuva nada mais
do que a febre
de
nossa própria voz
Enquanto caíamos
aquele cadáver também fazia-se nosso
com o peso do mundo nas coisas
precipitadas
e aquele guri também éramos nós
condenados a errar apenas
o cômodo erro
de
nossa própria voz
Adulterando a própria assinatura
e enlouquecendo todas as manhãs
com o rosto colado ao espelho
e um dia nos demos conta
através
de
nossa própria voz
Da extinção das goiabeiras
das mães e de algum
resíduo
do real
Talvez os fantasmas existissem
desde o início – nada mais
do que
fantasmas por toda parte
arrastando suas correntes
assombrados de si mesmos
de
suas que eram iguais a
nossa própria voz
própria
voz
luiz carlos quirino
Nenhum comentário:
Postar um comentário