segunda-feira, 29 de junho de 2020

debater-se do peixe
contra os azulejos
salto em rotura que
estilhaça as escamas
e a porcelana em fio
em direção aos olhos
[imolação da imagem
e tudo que está fora]

ruína
tétano e
ferrugem

impossível ressuscitar
os mortos como carne
já que nada germina em
superfície impenetrável

mesmo sêmen
apodrece sem
conhecer a humilhação
do nome ou sepulcro
sob a chão

antes nasce para o invisível
e já não pesa a mesma velocidade
do que tem centro e precisão

estação de colheita e aridez
recolha do gesto e esgotamento
que se lê como arma

palavra
antes da semeadura
a guerra e as mães
que se explodem
contra os guardas

por seus filhos
gravados nos
azulejos


luiz carlos quirino 

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