mais rente ao couro
a lâmina raspa as escamas
para que eu possa me ajustar
à nova pele
de novo
e outra vez o corpo
coberto de rachaduras
na cabeça o diadema de ervas
ruins e nunca mais
o ouro
apenas a visão noturna
das fraturas por onde
passo no escuro
ou testo
nas ruas despovoadas
meu esquecimento
[...]
na maré vazante sonhei
com a possibilidade de travessia
junto aos peixes e os deuses
num aquário
sufocamos rente ao vidro
muito mais mudos
e se nadássemos
com os pés ao contrário
para que lado iríamos
ou
nadaríamos em círculos
rente às bordas
e a curvatura de nossas costas
denunciaria a tentativa de fuga
e as escamas denunciariam
o pássaro que se afoga
luiz carlos quirino
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