domingo, 27 de dezembro de 2020

 

agora o fantasma ronda
o mensageiro e os corpos
deixaram de ser contados
 
existe uma peste lá fora
mesmo que a festa pareça
não ter fim e o ar se esfarele  
 
atrás dos olhos
a agitação das imagens
em vórtice – a urgência
cada vez mais insuportável
 
no meio o tremor do corpo
das despedidas e cupins
roendo os pés
embaixo do chão
 
verifico a voracidade
do som da madeira
se fragmentando
 
no tempo intangível
da espera – colho
serragem sanguínea
 
e o deslocamento vira
uma folha do caderno
em que as pautas
caem –
 
nunca teremos paz porque
a mensagem não será
concluída  


luiz carlos quirino 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário