sexta-feira, 11 de junho de 2021

 

a poeira se demora sobre os objetos em silêncio porque o tempo sustenta nas mãos uma duração maior que sua força – a pele antiga se descama e enruga deixando rastros de cansaço e lentidão à mostra – hoje minha transparência exibiu rachaduras – e a luz me atravessou com a mesma facilidade que uma faca extrai as tripas de um peixe – a poeira às vezes levita pela estrada de sol que passa pela fresta da janela e foge – foge como se eu pudesse revelar seu segredo     

luiz carlos quirino 

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