sábado, 30 de junho de 2018

Meu nome é ninguém


Já não há mais tempo para impossibilidades
a memória cansada apaga meu nome
e desenovela-se continuamente
logo restará apenas um esboço
da obra que poderia ter sido
cada milésimo de segundo
encontra-se agora comprimido
pelo tempo
sou um espécime já extinto
da glaciação vindoura
testemunha dos últimos dias de felicidade
betume de toda ciência e técnica acumulados
por uma civilização excessiva
meu nome é ninguém – ou todos
já não sei ao certo
diante da boca do inferno
os bagos de uva despencam de meus dedos
quiçá meu nome seja Legião, Dante ou Darwin
aquele que era – que é e que vem.

Luiz Carlos Quirino

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