No pátio os soldados
sincronizam os passos e as baionetas
até já podemos sentir nossas unhas
formigarem e algo como
um amargo na língua
Já
faz
tempo
as crianças
não são as donas da rua
e cada um armazena só
o que lhe é mais carro
– o tempo se afunila
e as esperanças se aquartelam
Dias belicosos para falarmos
de coisas banais
[o cotidiano já é artigo de luxo]
e os pai adestram seus filhos
para a crucificação
para a sola das botas e
a coluna ereta
E não temos vergonha
de desejar o mal
amparados pelo álibi da verdade
[tenho me tornado desprezível
diante do congresso dos vencedores]
enquanto os pilares ruem e
perdemos nossos lares
O proletário ideal reside
na concisão de suas ambições
livres porém comedidas
laboriosas em sua
própria inutilidade
luiz quirino
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