segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020


Como o soalho das casas incendiadas
ou o animal carnívoro

Como as crianças desparecidas
ou a farpa debaixo da unha

Como o grão no asfalto
ou a ferida silenciosa

Como a esperança do proletário
ou o tempo não interrompido

Como a enchente à noite
ou os dentes adocicados

Como a foice contra a pedra
ou o cego na esquina

Como a cidade que se extingue
ou os humilhados que exaltam

Como a eletricidade das folhas
ou os homens ruminando motores

Como as mães que morrem
ou o amor transfigurado


luiz carlos quirino

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